sobre os quintais sobrepostos
introjetados na tua mão criadora
gerando do caos
as bolas de fogo que se propagarão sobre a face do real
e o darão forma
e o tornarão palpável
para que a mesma mão - a tua mão - o toque
e dele construa o mundo
as extensões do mundo
as representações do mundo
e os olhos maduros que serão postos sobre teu rosto e te darão forma e te darão sentido
para que possas vir a conceber a possibilidade de gerar as tuas mãos
e dentro delas outros quintais
e deles venha a possibilidade
de haver possibilidades
As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)
domingo, 30 de março de 2008
esfregando os olhos
e a verdade
a todo o custo
libertou-se de mim
e caminhando lentamente pela noite
preferiu esquecer-me
e eu
também
preferi esquecê-la
e assim ficamos
observando o aceno das baleias
esperando que a tarde caia definitivamente
livres e presos
com os fragmentos de lembrança
tatuados sobre a mente inerte e úmida
de tanta manhã
a todo o custo
libertou-se de mim
e caminhando lentamente pela noite
preferiu esquecer-me
e eu
também
preferi esquecê-la
e assim ficamos
observando o aceno das baleias
esperando que a tarde caia definitivamente
livres e presos
com os fragmentos de lembrança
tatuados sobre a mente inerte e úmida
de tanta manhã
quarta-feira, 19 de março de 2008
Pàscoa
pedras na mão
e vc
e eu
e todos que nos vêem na rua a correr com os cachorros:
sexta-feira-santa
e três ou quatro, ou cinco, ou nem sei se cinco...
a atravessar a manhã como se fosse ela um ponto fixo no mapa,
como se pudessemos dela beber, um coelho pondo ovos e os pintasse, e os enchesse de amendoim torrados lentamente...
e os devorasse
entre as cercas que velam o pacífico sul
na colheita plena das tuas vestes
a lança no teu peito, na mão dos teus anjos da morte
para gerar
a compulsão do teu sangue
a saciedade canibal da pureza
como um delírio
amém
e vc
e eu
e todos que nos vêem na rua a correr com os cachorros:
sexta-feira-santa
e três ou quatro, ou cinco, ou nem sei se cinco...
a atravessar a manhã como se fosse ela um ponto fixo no mapa,
como se pudessemos dela beber, um coelho pondo ovos e os pintasse, e os enchesse de amendoim torrados lentamente...
e os devorasse
entre as cercas que velam o pacífico sul
na colheita plena das tuas vestes
a lança no teu peito, na mão dos teus anjos da morte
para gerar
a compulsão do teu sangue
a saciedade canibal da pureza
como um delírio
amém
qualquer coisa
amanhece o sol
e
em nós
o mesmo silêncio
acumula-se
(preferi as flores novas que nasceram hoje mesmo
e joguei meu medo aos quatro ventos
e esqueci dos arpões que rodeavam a casa de meus dias
assim
libertei-me
como quem constrói o bem e o mal
esqueci do bem e do mal)
entre nossas mãos secas de tanto pó
no conflito
lento
de meninos em guerras de brinquedo
e
em nós
o mesmo silêncio
acumula-se
(preferi as flores novas que nasceram hoje mesmo
e joguei meu medo aos quatro ventos
e esqueci dos arpões que rodeavam a casa de meus dias
assim
libertei-me
como quem constrói o bem e o mal
esqueci do bem e do mal)
entre nossas mãos secas de tanto pó
no conflito
lento
de meninos em guerras de brinquedo
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