As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)



sábado, 4 de abril de 2009

Aparição

sobre essas muralhas que hão de me destruir
construí minha morada

e sobre os seus resíduos habitei prolongadamente

e depois de tanta busca
encontrei numa réstia de luz - a lembrança de teus olhos sagrados -
como o sinal de um culto perdido no tempo

e minhas mãos sedentas de tua manifestação
abriram-se como livros a muito esquecidos
costurados no sangue
derramado na libação da tua presença

e, assim, como se frutificasses da manhã aterradora
a energia trasmutadora do teu semblante confundiu-se com o sol
e tomou conta do meu tempo

como um novelo de lã
escravizou-me na sua proteção

e desde então
nunca mais estive só