As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

inscrição

Minhas mãos percorrem a parede
e agora, além de mãos, são parede
cimento fresco
tinta
overdose de cor
refestelada sobre o palco aberto:
muro

que ao pôr-do-sol brilha
que ao  pôr-do-sol lume
pelas portas abertas da sala que foi composta pelos teus dedos projetistas
artistas do traço

Sem arabescos
sem contornos
apenas um horizonte tombado contra os olhos do observador insone
sem apelos
um plano sem plumas
um plano sem vínculos
a mão
os dedos
depositados sobre essa arca absurda
essa forma abstrata que a madeira molda
para impedir, abstemiamente, de pretendermos o horizonte