As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Composição

O vento compôs o contorno do vulto de teus cabelos
hoje, no teu corpo só.

O sol conduziu o segredo de tuas pupilas, como uma cor,
sobre o atordoador som das marés.

Onde o mar esculpiu as curvas do teu corpo sobre a areia inerte
e fez delas sua assinatura,
a rúbrica da sua intempestividade.

A chuva cheia de temperança  carreou o teu passado
gerando rios até o chão
purificando-te do tempo
até a terra tornar-se tua testemunha.

Então, o deserto te deu um nome, salvou-te do esquecimento, puniu-te à lembrança.

Já, a mim
só coube
presumir a existência de um pássaro sobre teus ombros,
redescrever essa presunção sobre o céu úmido
e transcrever tua mente em  um código binário,
para  que a memória não dissolvesse teus segredos;

cultivar os jardins esguios desse castelo de lembranças