Minhas mãos percorrem a parede
e agora, além de mãos, são parede
cimento fresco
tinta
overdose de cor
refestelada sobre o palco aberto:
muro
que ao pôr-do-sol brilha
que ao
pôr-do-sol lume
pelas portas abertas da sala que foi composta pelos teus dedos projetistas
artistas do traço
Sem arabescos
sem contornos
apenas um horizonte tombado contra os olhos do observador insone
sem apelos
um plano sem plumas
um plano sem vínculos
a mão
os dedos
depositados sobre essa arca absurda
essa forma abstrata que a madeira molda
para impedir, abstemiamente, de pretendermos o horizonte
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