As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)



domingo, 24 de fevereiro de 2008

Para ti

pouco cabe
nas lembranças que tenho
das tuas mãos
inseguras

e menos ainda
na figuração
que rege teu rosto insone
no limiar
do desfiladeiro
onde naufragam teus olhos

impunemente propicio a mim
rápidos vultos
dos lábios
agitados e tensos
de tuas agonias
de tuas palavras
em xeque

da solidez q aparentemente ofuscas
pela miraculosa ausência de teu pranto

de tuas borboletas em despedida
da forma estranha com que seguras teu leque

e, assim, mesmo que nada sobre no lirismo
mesmo que sozinhos fiquemos
no mar revolto
no mar sem mar
no mar sem som
sem formas e normas entre todos
como um palco em sombras
a exprimir o sol pela garganta
tênue

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