As árvores são poemas da terra para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio (Khalil Gibran)



sexta-feira, 18 de julho de 2008

manhãs opacas

nas ruas
um homem-criança sem considerações acerca dos anéis de saturno
assume que está só como um lobo em guerra


e admite ao tempo seus carretéis
entorta-os, confunde-se com estátuas morto-vivas na praça enfolhada

e contorse-se sobre a face de deus
pintada por mão puras


esparrama seu ser pela sexta-feira toda
e encontra um pedaço de pergunta nos teus travesseiros
empilhados
metodicamente


contém seu grito
e anda
passo-a-passo
como se estivesse feliz

por estar impossibilitado de ser livre


por não poder decidir o sentido das gotas da chuva
que passam pela manhã

sem ter nada a dizer a ninguém


sem nenhum brilho no olhar

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