O vento compôs o contorno do vulto de teus cabelos
hoje, no teu corpo só.
O sol conduziu o segredo de tuas pupilas, como uma cor,
sobre o atordoador som das marés.
Onde o mar esculpiu as curvas do teu corpo sobre a areia inerte
e fez delas sua assinatura,
a rúbrica da sua intempestividade.
A chuva cheia de temperança carreou o teu passado
gerando rios até o chão
purificando-te do tempo
até a terra tornar-se tua testemunha.
Então, o deserto te deu um nome, salvou-te do esquecimento, puniu-te à lembrança.
Já, a mim
só coube
presumir a existência de um pássaro sobre teus ombros,
redescrever essa presunção sobre o céu úmido
e transcrever tua mente em um código binário,
para que a memória não dissolvesse teus segredos;
cultivar os jardins esguios desse castelo de lembranças