sobre essas muralhas que hão de me destruir
construí minha morada
e sobre os seus resíduos habitei prolongadamente
e depois de tanta busca
encontrei numa réstia de luz - a lembrança de teus olhos sagrados -
como o sinal de um culto perdido no tempo
e minhas mãos sedentas de tua manifestação
abriram-se como livros a muito esquecidos
costurados no sangue
derramado na libação da tua presença
e, assim, como se frutificasses da manhã aterradora
a energia trasmutadora do teu semblante confundiu-se com o sol
e tomou conta do meu tempo
como um novelo de lã
escravizou-me na sua proteção
e desde então
nunca mais estive só