a vida só me deu o mínimo.
as mínimas alegrias,
os mínimos ponteiros.
me deu a esperança mínima
para que eu, entre arbustos monstruosos,
prostrado, sem voz,
não pudesse admitir outra coisa senão ela.
a vida sou eu
e só me dei, a mim, o medo.
o medo de poder falar, de levantar-me,
surgir dos arbustos antropomórficos,
fugir do mínimo.
e assim me tornei um eloqüente mudo,
um caminhante genofléxico,
um liberto conhecedor de labirintos minimalistas,
aprisionado em mim,
no tempo escasso,
sem nem um horizonte para, no fim,
lançar olhares de sentir saudade.